---

Coren-SE divulga Nota de Repúdio sobre terceirização de Hospital Regional e SAMU

O Conselho acredita que a terceirização ataca os direitos do trabalhador e onera o poder público

---

20.02.2020

O Coren-SE vem, por meio da presente nota, repudiar a terceirização do Hospital Regional de Glória e do SAMU (Serviço de Atendimento Médico de Urgência), aprovada pelo Conselho Estadual de Saúde. A terceirização, em atividades finalísticas, ataca os direitos do trabalhador e onera o poder público.

Sob a responsabilidade de empresas – que visam, evidentemente, ao lucro, os funcionários são mais expostos às violações de direitos trabalhistas, riscos à sua saúde e jornadas excessivas. Além disso, a terceirização dificulta o exercício do controle social, tão caro à nossa democracia.

A sobrecarga de trabalho tem como consequência o incremento do percentual de imperícia no exercício. Em síntese, o trabalho em condições adversas aos profissionais reflete diretamente na qualidade do serviço prestado à população.

O Coren-SE tem como compromissos institucionais, dentre outros, o registro e a fiscalização dos profissionais de enfermagem, visando à consecução de um serviço de saúde adequado à sociedade sergipana.

Ressalte-se que o SAMU é um serviço de excelência no Estado, tendo recebido diversos prêmios e menções honrosas, bem como serve de modelo para outros estados da federação.

Para além do aviltamento das condições de trabalho, a terceirização implica a precarização do serviço estatal de saúde. Não se pode esquecer que a saúde é um direito fundamental, de matriz constitucional, e que o Sistema Único de Saúde (SUS) foi uma conquista histórica do povo brasileiro.

Enquanto conselho de classe de uma categoria, cujo fazer profissional se dá prioritariamente no âmbito das políticas públicas, o Coren-SE lamenta a decisão estatal, solidariza-se com todos os profissionais que atuam nos serviços em questão e reafirma o propósito de luta contra toda forma de terceirização e privatização de unidades de saúde, em defesa da garantia da saúde como um direito fundamental e do fortalecimento do Sistema Único de Saúde.

 

INTERTEXTO

“Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro

Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário

Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável

Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei

Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo”

Bertolt Brecht

 

Fonte: Ascom Coren